DERIVA


Mudei de rota, subo o rio, o dia cai

e eu com ele; as imagens extinguem-se

nas janelas dos prédios condenados.

Haverá uma mercê escondida na paisagem,

mas não a encontro, assim, contra a corrente.

Deixo-me cair e sonho com cigarros,

sem saudades deles, todos fumados;

procuro um bar aberto à beira da auto-estrada

mas já a erva brotou do asfalto verde

e bandos de pintassilgos abatem-se

sobre as flores amarelas. Desligo o motor,

acordo no chão, com a música ao lado.


24/04/2020

  DERIVA Mudei de rota, subo o rio, o dia cai e eu com ele; as imagens extinguem-se nas janelas dos prédios condenados. Haverá uma mercê esc...